Sangramos, mas não nos rendemos
- 3 minutes read - 462 wordsEm 1990, a Organização Mundial de Saúde deixou de classificar a homossexualidade como distúrbio mental, mas os crimes motivados pela LGBTIfobia têm aumentado um pouco por todo o mundo. A opressão sofrida por pessoas LGBTI+ está firmemente enraizada nas estruturais materiais da sociedade capitalista e na necessidade de manter a hegemonia de uma ideologia sexista e reacionária para a manutenção de uma sociedade de classes. A luta LGBTI+ é uma luta histórica pelo progresso e contra as amarras da sociedade capitalista. Todos os dias são dias de luta contra a LGBTIfobia, reafirmando a importância da unidade e organização por uma sociedade livre de opressão. Não soltamos as mãos de ninguém.
Nas últimas semanas, foram noticiados os assassinatos de três jovens. Os três viviam em continentes diferentes. Os três tinham ocupações diferentes. Os três receberam cobertura mediática completamente diferente, mas há algo em comum: a LGBTIfobia.
Dia 28 de Abril de 2021, Normunds Kinzuliz morre após cinco dias internado num hospital. Normunds foi atacado à entrada da sua casa, regado com combustível e queimado - “As roupas tinham ardido junto com a pele”. Normunds era paramédico e ativista LGBTI+. Normunds tinha 29 anos._
Dia 1 de Maio de 2021, no Brasil, Lindolfo Kosmaski, foi encontrado morto dentro do seu carro, assassinado com dois tiros e posteriormente carbonizado, após receber ameaças de morte. Lindolfo era professor, gay, ativista pelos direitos LGBTI+ e militante do Partido dos Trabalhadores. Lindolfo tinha 25 anos._
Dia 4 de Maio de 2021, morreu Alireza Fazeli Monfared, rapaz iraniano. “Era uma vergonha e uma desonra”, afirmaram o meio-irmão e os primos de Alireza quando foram detidos e interrogados pela polícia. No Irão, a homossexualidade é estritamente proibida e punível com a morte. Alireza tinha 20 anos.
Ainda há países com leis limitadoras da liberdade de expressão, orientação sexual e identidade de género. Poucos são os países cuja legislação protege os trabalhadores contra a discriminação e assédio com base na orientação sexual. Poucos países têm leis que punem atos de incitamento ao ódio, discriminação ou violência com base na orientação sexual; e poucos são os que reforçam as condenações nos crimes motivados pelo ódio e pela orientação sexual. Os crimes contra Normunds, Lindolfo e Alireza desnudam a insuficiência de condutas correntes, quer legais quer culturais, para proteger as nossas vidas contra a crueldade da homofobia, transfobia e bifobia.
Somos luta, somos resistência e, sobretudo, somos seres humanos. Exigimos o direito à vida, ao amor e à felicidade. Todas as vozes de todas as vítimas, no passado e no presente, ecoarão. Quanto mais nos silenciarem, mais orgulho seremos. Quanto mais vidas ceifarem, mais luta seremos.
Continuaremos a furar o asfalto, o tédio, o nojo, o ódio e o medo até que a libertação total seja uma realidade.
Sangramos, mas não nos rendemos.