Fora Ventura e Salvini. Manifestação Nacional Antifascista
- 3 minutes read - 491 wordsA derrota de Trump enfraqueceu a estrutura de apoio internacional da extrema-direita. Bolsonaro viu o seu governo e base eleitoral começar a desmoronar-se. Matteo Salvini saiu do governo italiano e desceu nas sondagens. Agora, todos apostam na candidatura de Marine Le Pen à presidência da república francesa, onde as sondagens sugerem uma luta pela vitória.
Trump não caiu pela indiferença da oposição “progressista” no Congresso americano. Caiu porque o movimento popular não lhe deu folga durante os quatros anos de mandato, fosse ele feminista, operário ou, no final, antirracista e antifascista. Demonstrando que é a mobilização que dá autodefesa, força coletiva, sentimento de potência aos explorados e oprimidos. Por outro lado, a política de ignorar e “não dar palco” à extrema-direita, demonstra os seus resultados catastróficos em França. A França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon, que não apoiou nem incentivou os inúmeros protestos populares contra Macron, tem oferecido de bandeja a possibilidade de Le Pen chegar à presidência.
Na Europa, a extrema-direita tenta agora recuperar do momento atual de regressão. Suportando-se nas sondagens favoráveis a Marine Le Pen em França, procuram ganhar corpo apoiando partidos similares nos países periféricos do velho continente. Em 5 meses, Le Pen e Salvini deslocam-se a Portugal para alentarem Ventura e dar-lhe dimensão internacional. A corrente mais autoritária e odiosa da burguesia mundial teve dois anos de dificuldade, perdeu influência mas não foi completamente derrotada e as circunstâncias que a alimentam mantêm-se.
Não tenhamos ilusões, sob o capitalismo projetos fascizantes nunca estão totalmente afastados de vingarem. Quando a “esquerda progressista” chega ao poder, para lá de palavras e políticas de cosmética, mantém a situação que abre uma auto-estrada para essas forças do ódio. Mantém os benefícios e as injeções públicas de dinheiro na banca – degradando os serviços públicos de saúde, educação, transportes e segurança social – , mantém a falta de investimento público na criação de emprego e indústria, mantém a porta-giratória entre governantes e as administrações de empresas.
Ao mesmo tempo, a esquerda parlamentar dos trabalhadores prefere os acordos com estes governos a uma oposição baseada na mobilização. Desta forma, não apresentam uma saída da crise que favoreça as pessoas que trabalham. Com este cenário a continuar e apresentando-se a extrema-direita como única oposição aos governos, o seu recrudescimento é apenas uma questão de tempo.
Em Portugal, Ventura quer, em Coimbra, celebrar o 28 de maio de 1926, dia infame que deu início a 48 anos de ditadura fascista, a mais longa da Europa. Não aceitamos que se celebre a morte, a censura, a pobreza, a divisão, a hiper-exploração e a opressão dos trabalhadores. Ventura traz Salvini a Coimbra para afirmar um projeto europeu de exclusão, colonialista e assente em divisões étnicas para melhorar o negócio do costume, o lucro!
Não aceitamos dar-lhes o espaço público de mão beijada, não aceitamos ignorar, só aceitamos a unidade para resistir, para lutar e ganhar, isso faz-se ocupando as ruas, primeiro!
Dia 28 e 30. Todes a Coimbra!