A FUA continua: todos para a RUA
- 8 minutes read - 1492 wordsCamaradas ativistas,
Nas últimas semanas, a Frente Unitária Antifascista (FUA) esteve envolvida numa crise interna, com discussões que por vezes transbordaram para fora dela, muitas vezes de forma enviesada. Tudo isto devido a um lamentável e evitável episódio de machismo por um elemento da coordenação, seguido do sequestro dos nossos meios de comunicação, quando o dito elemento se recusou a retratar o seu comportamento e por isso decidiu abrir uma guerra contra a mesma FUA que ajudou a criar, acabando por se apropriar de todos os nossos meios de comunicação e, por fim, eliminá-los, para que mais ninguém os pudesse utilizar. Uma vez que, em todo este processo, têm sido muitas as falsificações espalhadas a nosso respeito, vemo-nos na obrigação de esclarecer o sucedido e a primeira coisa que nos cabe dizer é que a FUA não desapareceu nem implodiu - a FUA transformou-se, e é a partir de hoje RUA - Rede Unitária Antifascista.
Para que fique claro, este conflito teve início quando, numa discussão na coordenação da FUA, o coordenador em questão assumiu uma postura machista para com uma camarada, procurando rebaixá-la com considerações capacitistas acerca da sua saúde mental, apelidando-a de “psicótica” e “delirante”, e acusando-a de ter uma postura vitimista. Perante esta situação e em reunião de Coordenação, o camarada em questão foi advertido para o facto de este tipo de comportamentos serem inaceitáveis numa frente antifascista, que se pretende contra qualquer opressão, seja ela de natureza racista, sexista, xenófoba e/ou LGBTQIA+fóbica, tendo-lhe sido solicitado que dirigisse à camarada e ao núcleo que esta representa na coordenação da FUA um pedido de desculpas por escrito, de forma a retratar o seu comportamento e a sanar as tensões levantadas.
Apesar de, com muita relutância, se ter comprometido a fazer o pedido de desculpas por escrito, o camarada nunca chegou a fazê-lo, alegando primeiramente estar demasiado ocupado e depois recusando-se novamente a assumir o seu erro e a concretizar o pedido de desculpas, adotando em vez disso uma postura de ataque e lançando acusações e exigências que não estavam relacionadas com o caso. Ora, perante o arrastar deste episódio, que continuava a gerar tensões - e na incapacidade da Coordenação de o solucionar num acordo que fizesse justiça às reivindicações de ambas as partes - foi decidido que o caso seria encaminhado para uma Comissão de Ética, que analisaria o episódio, encontrando-se o camarada em questão suspenso até deliberação da Comissão (c. duas semanas). Esta comissão, aprovada em reunião da Coordenação, tem vindo a ser taxada de ilegítima pelo camarada, apesar de ter sido aprovada em unanimidade pelos elementos presentes, que representavam mais de metade do número total de coordenadores.
Acontece que o camarada, ao invés de acatar a decisão e refletir acerca da sua conduta, optou por sequestrar o acesso às redes sociais (alterando ilegitimamente os acessos tanto do e-mail como do Facebook, Instagram e Twitter, tirando do ar todas as redes sociais da FUA), num golpe autocrata e traiçoeiro, próprio de quem não é capaz de trabalhar em democracia. O camarada, unilateralmente, considerou ter o direito de se apropriar dos meios da FUA, ao mesmo tempo que usou o nosso e-mail para enviar uma comunicação em que afirmava que este golpe estava a ser levado a cabo por “um conjunto de coordenadores”. A este gesto profundamente antidemocrático seguiu-se uma carta aberta assinada por 20 dos 23 coordenadores, bem como por 5 núcleos pertencentes à FUA, exigindo que o camarada devolvesse aquilo que é de toda a organização; Ficava assim evidente que, de facto, o boicote e sequestro das contas da FUA estava a ser levado a cabo por UM coordenador. Tendo sido desmascarado, o camarada enviou novo e-mail alegando que devolveria os acessos, mas procedeu a facultar passwords erradas por vários dias, fazendo, entretanto, o uso que bem entendeu dos nossos meios de comunicação.
Assim, desde dia 16 de Dezembro, qualquer comunicação recebida pelo e-mail frenteunitariaantifascista@gmail.com, bem como as publicações no nosso site, Facebook, Instagram ou Twitter (entretanto reconvertido pelo camarada em Alternative International Movement Portugal) são da responsabilidade exclusiva do camarada em questão. Consideramos que quer o sequestro dos meios de comunicação da FUA - que perdura até hoje - quer quaisquer acusações sobre partidos e ativistas individuais dentro e fora da FUA foram cortinas de fumo lançadas para que não se discutisse o problema central: o caso de machismo, que o camarada em questão ainda não reconheceu e pelo qual ainda não pediu desculpas oficialmente, bem como a sua ação altamente antidemocrática quando confrontado com as suas atitudes, reveladora de uma absoluta incapacidade de lidar com um movimento plural que não se limita a aceitar acriticamente as opiniões e os atos seja de que camarada for.
Face a estes acontecimentos, a Coordenação concordou que só uma Assembleia Geral Extraordinária teria legitimidade para resolver a crise instalada, tendo sido assim convocada uma AGE, que teve lugar dia 27 de Dezembro. Em vez de procurar resolver a questão de forma democrática, o camarada não quis apresentar-se na AG que ele mesmo reclamara e decidiu demitir-se na noite anterior a ela e retirar consigo o Núcleo Antifascista da Feira da FUA (agora RUA), levando consigo meios de comunicação que não lhe pertencem e fugindo da responsabilização pelos seus atos até ao fim.
EM AGE, os atos do camarada foram amplamente aferidos e discutidos internamente, com a presença de 48 ativistas. O parecer da Comissão de Ética, que determinou serem inaceitáveis as atitudes machistas do camarada, foi aprovado por unanimidade. A par disso, e relativamente ao sequestro e boicote das contas da FUA, a AG determinou a censura e a suspensão do camarada de cargos representativos e comunicativos em nome da FUA - agora RUA. Até ao fim da AG, decidiu-se dar a oportunidade ao camarada de devolver finalmente os acessos a todas as redes, retirando-se das mesmas (até porque já se tinha desvinculado da organização), mas ao nosso pedido o camarada respondeu com a desativação das páginas nas redes sociais, bem como à eliminação do website da FUA, removendo definitivamente desta todos os meios de comunicação digitais oficiais. A página do Twitter da FUA foi ainda convertida numa página do Alternative International Movement em Portugal, capitalizando abusivamente os seguidores que têm ajudado a construir o movimento nas redes sociais.
O camarada tem-se dedicado a mascarar as suas ações através da descredibilização da FUA, afirmando que o problema é a existência de militantes de partidos que controlam o nosso movimento. As afirmações do camarada não só são completamente falsas, como demonstram um total desrespeito pelas dezenas de ativistas antifascistas que constroem a FUA e os seus núcleos diariamente. O camarada afirmou ainda no Twitter, com a NOSSA conta - que o camarada tomou para si e renomeou - que vários núcleos saíram da FUA, quando, na verdade, o único núcleo que saiu da FUA foi o Núcleo Antifascista da Feira, dirigido pelo camarada em questão; afirmou que a maioria dos nossos núcleos estão esvaziados de pessoas, como se não conhecesse o crescimento que os núcleos da FUA tiveram nos últimos meses, e mais uma vez mostrando total desrespeito pelos ativistas com quem, até há bem pouco tempo, lutou lado a lado. Afirmou ainda que foram as pessoas que constroem a FUA que a implodiram, quando foi ele quem nos retirou o acesso e apagou as nossas redes, não nos deixando outra opção que não recriar a FUA, agora RUA.
Felizmente, o Movimento Antifascista em Portugal é mais do que uma página nas redes sociais. Por isso, enquanto coletivo plural, democrático e composto por pessoas muito diferentes que se unem em torno de um valor comum - a luta antifascista - decidimos em Assembleia Geral aproveitar este triste incidente para dele retirar aprendizagens, experiência, e acima de tudo para o melhorar.
Apresentamos então um movimento mais unido, democrático e livre: a Rede Unitária Antifascista - RUA. Comprometemo-nos a continuar a luta antifascista da forma mais limpa e transparente possível, focando-nos agora no importante momento que se avizinha: as Eleições Presidenciais de Janeiro de 2021. Como todos sabemos, André Ventura é o candidato da extrema-direita à Presidência da República Portuguesa. É na campanha contra esta candidatura que nos queremos concentrar. A Rede Unitária Antifascista assume o compromisso de travar esta batalha de forma democrática e justa, mantendo sempre os valores que nos caracterizam, e por isso chamamos todos os movimentos para uma reunião dia 3 de Janeiro, para realizarmos uma receção antifascista a Marine Le Pen.
Em 2021, estamos na RUA! A luta continua!
A Assembleia Geral Extraordinária, reunida no dia 27/12 com a presença dos núcleos:
- Núcleo Antifascista dos Açores
- Núcleo Antifascista de Aveiro
- Núcleo Antifascista de Barcelos
- Núcleo Antifascista de Braga
- Núcleo Antifascista de Évora
- Núcleo Antifascista de Guimarães
- Núcleo Antifascista do Porto
- Núcleo Antifascista de Vila do Conde e Póvoa de Varzim
- Brigada Fernanda Mateus - Antifascistas de Coimbra
- Plataforma Antifascista de Lisboa e Vale do Tejo
- Grupo Antifascista Miguel Torga
- STCC - Sindicato dos Trabalhadores de Call Center